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sábado, 12 de abril de 2014

A Mediunidade e a Teosofia


Os Motivos Pelos Quais a Filosofia 
Esotérica Recomenda Evitar Práticas Mediúnicas

Qual a visão da teosofia original em relação à mediunidade espírita?

Para examinar esta questão, é fundamental o estudo amplo e calmo da constituição oculta do ser humano, tal como ensinada pela Filosofia Esotérica. Sem compreender a sua natureza complexa não será possível perceber os processos naturais de desenvolvimento e evolução, de vida e morte, e do caminho do discipulado. [1]

Vejamos, resumidamente, algumas ideias básicas.

O Ser Humano tem a seguinte natureza setenária:

1) Sthula-sharira --  Corpo Físico
2) Prana --  Princípio Vital
3) Linga-Sharira -- Modelo ou duplo astral
4) Kama -- A sede dos desejos, paixões e emoções

Estes 4 Princípios (ou mais corretamente 3 Princípios e o Corpo Físico) formam aquilo que a Teosofia designa por Quaternário Inferior, ou os níveis mortais;  a Personalidade, que apenas subsiste durante o período de uma encarnação.

Em seguida, temos a Tríade Superior:

5) Manas -- Mente, Inteligência. Este princípio é dual em suas funções.
6) Buddhi -- Intuição Espiritual. A Alma espiritual.
7) Atma -- O Eu Imortal. Espírito.

Um ponto importante a considerar é que existe uma ligação entre o Quaternário Inferior e a Tríade Superior, que é Antahkarana. O objetivo de todo aquele que percorre o Caminho Espiritual é ir “construindo”, ao longo de várias vidas, uma  ponte cada vez maior entre os níveis mortais e os níveis espirituais e imperecíveis.

Na constituição setenária podemos distinguir igualmente três Almas, ou três “tipos de consciência”:

1) Alma Animal ou Mortal (eu inferior): um agregado de Kama + Manas
2) Alma Humana: Buddhi + Manas
3) Alma Espiritual ou Imortal (Eu superior): Atma + Buddhi

O caminho espiritual consiste na transferência da consciência do eu inferior para o eu superior, da alma mortal para Alma Imortal, através do despertar da Alma Humana, ou Buddhi-Manas, a Inteligência e Compaixão Universal.

Diante desta perspectiva da constituição integral do ser humano, podemos perceber que a mediunidade espírita e os demais fenômenos mediúnicos têm a sua base na atividade da alma animal ou mortal, no nível da Ilusão. Para a Teosofia autêntica, a mediunidade é um grave infortúnio e o discípulo esotérico é o oposto do médium. Um é ativo e positivo, o outro é passivo e negativo; um desenvolve progressivamente a sua vontade e poder sobre todas as circunstâncias e forças inferiores, o outro vai perdendo cada vez mais a sua autonomia e passa a ser o instrumento “dócil” de todo o tipo de influências; enquanto um se esforça por polarizar nos níveis verdadeiramente espirituais e seguros (Alma Imortal), o outro se deixa dominar e enredar nos níveis da ilusão (Alma Mortal); um refina os seus veículos de percepção, o outro desestrutura e degrada a sua fisiologia oculta; um amplia a sua consciência, o outro limita a sua consciência; um procura ler o Pensamento Divino, outro se ilude com os reflexos da Luz Astral; um toma nas mãos a responsabilidade de se conduzir pelo Caminho ascendente, outro delega a forças estranhas seu percurso de crescentes infortúnios.

Num capítulo da extraordinária obra de Helena P. Blavatsky, “Ísis Sem Véu”,  podemos ler o seguinte, a propósito da mediunidade (passiva):

Longe de nós o pensamento de lançar uma mácula injusta sobre os médiuns físicos. Exauridos por diversas inteligências, reduzidos -  pela influência predominante dos espíritos [2], à qual suas naturezas fracas e nervosas são incapazes de resistir - a um estado mórbido, que ao fim se torna crônico, eles são impedidos por essas ‘influências’ de assumir outra ocupação. Eles se tornam mental e fisicamente incapazes para qualquer outra atividade. Quem pode julgá-los severamente quando, lançados numa situação extrema, são constrangidos a aceitar a mediunidade como um negócio? E o céu sabe, como bem o demonstraram os últimos acontecimentos, se essa profissão deve ser invejada por quem quer que seja!” [3]

Todo o texto restante merece ser lido.  Em um trecho mais adiante, HPB nos oferece palavras muito claras sobre a situação dos médiuns:

É um erro dizer que um médium tem poderes desenvolvidos. Um médium passivo não tem poder. Ele tem uma certa condição moral e física que produz emanações, ou uma aura, na qual as inteligências que o guiam podem viver e pela qual elas se manifestam. Ele é apenas o veículo através do qual elas exercem seu poder. Essa aura varia dia a dia, e, segundo as experiências do sr. Crookes, mesmo de hora a hora. É um efeito externo que resulta de causas internas. A condição moral do médium determina a espécie dos espíritos que vêm; e os espíritos que vêm influenciam reciprocamente o médium, intelectual, física e moralmente. A perfeição de sua mediunidade está na razão da sua passividade, e o perigo que ele corre está no mesmo grau. Quando ele está completamente ‘desenvolvido’ - perfeitamente passivo -, o seu próprio espírito astral pode ser paralisado, até mesmo retirado de seu corpo, que é então ocupado por um elemental (…).”

Como a mediunidade física depende da passividade, o seu antídoto é óbvio: o médium deve cessar de ser passivo. Os espíritos nunca controlam pessoas de caráter positivo que estão determinadas a resistir a todas as influências estranhas. Levam ao vício os fracos e os pobres de espírito. Se os elementais que produzem milagres e os demônios desencarnados chamados de elementários fossem de fato os anjos guardiões, como se acreditou nos últimos trinta anos, por que não deram eles a seus médiuns fiéis pelo menos boa saúde e felicidade doméstica? Por que os abandonam nos momentos críticos do julgamento, quando são acusados de fraude? É notório que os melhores médiuns físicos são doentios, ou, às vezes, o que é ainda pior, inclinados a um ou outro vício anormal. Por que esses  ‘guias’ curadores, que fazem seus médiuns exercerem o papel de terapeutas e taumaturgos para os outros, não lhes dão a dádiva de um robusto vigor físico? Os antigos taumaturgos e os apóstolos gozavam geralmente, se não invariavelmente, de boa saúde; seu magnetismo nunca trazia ao doente qualquer mácula física ou moral; e eles nunca foram acusados de VAMPIRISMO, como o faz muito justamente um jornal espírita contra alguns médiuns curadores.” [4]

Joaquim Soares

NOTAS:

[1] O website www.FilosofiaEsoterica.com contém vários textos de estudo que permitem uma melhor compreensão da mediunidade, do processo pós-morte e da reencarnação, bem como algumas semelhanças e as muitas diferenças entre a filosofia espírita e a Teosofia. Um exemplo é o texto “Os Sete Princípios da Consciência”, que pode ser encontrado na “Lista de Textos por Ordem Alfabética” do website. São úteis também os textos que constam na seção temática “A Reencarnação e a Lei do Carma”, e o texto “O Que É Teosofia?”, que se encontra na seção “Helena P. Blavatsky” do website.

[2] Os “espíritos” de que H.P.B. fala não são as “almas dos desencarnados”, como supõem os espíritas, mas antes as “cascas astrais” ou então elementais.

[3] “Ísis Sem Véu”, Vol. II, H. P. Blavatsky, Pensamento, pp. 174-176

[4] Na obra anteriormente citada, p. 177.
O texto acima foi publicado
inicialmente na edição de julho de
2010 do boletim eletrônico “O Teosofista”
Fonte:







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