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terça-feira, 1 de julho de 2014

Os limites da infância



Duas Questões Sobre o Sentido de Responsabilidade
É possível chegar aos 80
anos sem deixar de ser infantil?

Há certas perguntas que podem fazer um estudante de filosofia pensar mais profundamente sobre a vida.

Vejamos, brevemente, dois exemplos.

1) “Quais são os limites adequados para o meu envolvimento com coisas do plano físico e emocional?”

Nem sempre é fundamental comprar aquele carro novo com dezenas de prestações mensais capazes de comprometer o sono e a paz de espírito de qualquer cidadão responsável. Talvez não seja necessária aquela reforma detalhada da casa ou apartamento em que moramos.

Mesmo no plano emocional, cabe examinar até que ponto assumimos compromissos que são coerentes com nossa jornada pelo caminho da sabedoria. É limitado o número de pessoas que podemos ajudar no plano pessoal sem perder a eficiência na tarefa.

Talvez seja mais eficaz a ajuda feita desde os planos superiores de consciência. O que as pessoas mais necessitam é de um contato ampliado com suas próprias almas, e a teosofia possibilita este processo. Não há nada de errado com cuidar de algumas tarefas no plano físico, ou emocional. Ao contrário. O problema surge quando o indivíduo é asfixiado interiormente por elas, ou quando elas são uma forma de fuga do confronto com as grandes questões da vida, que dizem respeito à relação do indivíduo com sua alma imortal.

Vejamos agora a segunda questão.

2) “É possível que alguém chegue aos 80 anos de idade sem ter saído da infância?”

A infância física é uma coisa, a infância espiritual é outra. Pode-se passar a vida toda cuidando de coisas de curto prazo e morrer aos cento e vinte anos de idade lamentando porque não houve tempo suficiente para cuidar de sequer metade das “coisas que têm que ser cuidadas”.

A opção filosófica é diferente. A filosofia ensina a moderação e a renúncia em relação aos objetos do plano físico ou pessoal. Os estudantes de teosofia percebem, gradualmente, que são apenas hóspedes. Estão de passagem no plano físico. Nada “pertence” efetivamente a alguém. Nem sequer as pessoas mais íntimas são de alguém. Essa constatação desperta no estudante uma certa humildade diante do mundo físico, e ele passa a aceitar mais facilmente a simplicidade voluntária.

Quando percebe de fato que a vida física é apenas uma hospedagem passageira, o indivíduo passa a cuidar daquilo que é efetivamente seu, isto é, a sua responsabilidade perante seu próprio eu superior, o seu “pai espiritual”, ao qual terá que prestar contas ao final da encarnação.

Esta prestação de contas é muito mais do que um relatório existencial feito pelo discípulo (o eu inferior) ao Mestre (o eu superior). O conteúdo do relato determinará o rumo e o conteúdo do longo processo pós-morte. Além disso, definirá as condições objetivas e subjetivas da próxima encarnação.

A decisiva responsabilidade individual perante o seu próprio eu superior é, portanto, algo que pertence de fato a cada um. Na ausência desse sentimento, a vida é uma série de infantilidades. Um dia chegará a crise da adolescência para a alma que evolui através da reencarnação, e então ela terá de enfrentar a perspectiva da vida adulta.

Através da perseverança, o estudante que é sincero consigo mesmo vence, um a um, os desafios que emergem no Caminho. A intensidade no esforço, de um lado, e o desapego em relação a resultados de curto prazo, de outro lado, são fatores que permitem a ele criar o bom hábito de vencer os desafios. Deste modo ele constrói o seu mundo no plano em que as coisas construídas duram, isto é, no plano do eu superior.

Carlos Cardoso Aveline

Uma versão inicial do texto acima foi publicada sem indicação de nome de autor no boletim eletrônico “O Teosofista”, edição de junho de 2010.

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