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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Mediunidade II - Mediunidade X Animismo


Por Maísa Intelisano (Revista Espiritismo & Ciência Especial - Nº 11 - Mediunidade)

A palavra ANIMISMO vem do latim ANIMA, que significa "alma", e foi usada pela primeira vez por Alexander Aksakov em seu livro Animismo e Espiritismo (Ed. BestSeller) para designar "todos os fenômenos intelectuais e físicos que deixam supor uma atividade extracorpórea ou à distância do organismo humano e, mais especialmente, os fenômenos mediúnicos que podem ser explicados por uma ação que o homem vivo exerce além dos limites do corpo".

André Luiz, em seu livro Mecanismos da Mediunidade (FEB), pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, define animismo como sendo "o conjunto dos fenômenos psíquicos produzidos com a cooperação consciente ou inconsciente dos médiuns em ação".

Já Richard Simonetti, em seu livro Mediunidade - Tudo o que você precisa saber (Ed. CEAC), diz que animismo "na prática mediúnica, é algo da alma do próprio médium interferindo no intercâmbio".

Ramatís, no livro Mediunismo (Ed. do Conhecimento), pela psicografia de Hercílio Maes, diz que "animismo, conforme explica o dicionário do vosso mundo, é o sistema fisiológico que considera a alma como a causa primária de todos os fatos intelectivos e vitais".

"O fenômeno anímico, portanto, na esfera de atividades espíritas, significa a intervenção da própria personalidade do médium nas comunicações dos Espíritos desencarnados, quando ele impõe algo de si mesmo à conta de mensagens transmitidas do Além-Túmulo."

Partindo de definições como estas, o termo passou a ser usado de forma negativa e pejorativa para tudo aquilo que fosse produzido por um médium, mas que não tivesse qualquer contribuição ou participação de espíritos desencarnados. Com essa definição, o animismo passou a ser o pesadelo de todos os médiuns, especialmente os iniciantes, por ser usado como sinônimo de mistificação e fraude.

No entanto, MISTIFICAÇÃO é uma coisa completamente diferente, caracterizada pela fraude consciente do médium e a simulação premeditada do fenômeno mediúnico, com intenção de enganar os outros.

Médium mistificador, portanto, é aquele que finge, premeditada e conscientemente, estar em transe mediúnico, recebendo comunicação de Espíritos desencarnados, quando, na verdade, está apenas inventando a mensagem para impressionar ou agradar as pessoas à sua volta.

A atuação anímica do médium, por sua vez, acontece de forma quase sempre inconsciente, de modo que o próprio médium dificilmente consegue perceber a sua própria interferência ou participação no fenômeno que manifesta, não conseguindo separar o que é seu do que é criação mental do comunicante, mesmo quando o fenômeno, em si, é consciente.

É o que nos diz Hermínio C. Miranda em seu livro Diversidade dos Carismas (Publicações Lachâtre), quando afirma que "o fenômeno fraudulento nada tem a ver com animismo, mesmo quando inconsciente. Não é o espírito do médium que o está produzindo através de seu corpo mediunizado, para usar uma expressão dos próprios espíritos, mas o médium, como ser encarnado, como pessoa humana, que não está sendo honesto, nem com os assistentes, nem consigo mesmo. O médium que produz uma página por psicografia automática, com os recursos do seu próprio inconsciente, não está, necessariamente, fraudando e, sim, gerando um fenômeno anímico. É seu espírito que se manifesta. Só estará sendo desonesto e fraudando se desejar fazer passar sua comunicação por outra, acrescentando-lhe uma assinatura que não for a sua ou atribuindo-a, deliberadamente, a algum espírito desencarnado."

PORTANTO, o ANIMISMO não é DEFEITO MEDIÚNICO e nem deve ser tratado como distúrbio ou desequilíbrio da mediunidade ou do médium. Na verdade, como parte dos fenômenos psíquicos humanos, ele deve ser considerado também parte do fenômeno mediúnico, já que, como diz Richard Simonetti no livro já citado, "o médium não é um telefone. Ele capta o fluxo mental da entidade e o transmite, utilizando-se de seus próprios recursos" (grifo nosso).

"Se o animismo faz parte do processo mediúnico, sempre haverá um porcentual a ser considerado, não fixo, mas variável, envolvendo o grau de desenvolvimento do médium."

Hermínio Miranda, no livro já citado, diz que, "em verdade, não há fenômeno espírita puro" (grifo nosso), de vez que a manifestação de seres desencarnados, em nosso contexto terreno, precisa do médium encarnado, ou seja, precisa do veículo das faculdades da alma (espírito encarnado) e, portanto, "anímicas".

Interessante também vermos algumas anotações de Kardec referentes a instruções dos espíritos, em O Livro dos Médiuns:

"A alma do médium pode comunicar-se como qualquer outra".

"O Espírito do médium é o intérprete, porque está ligado ao corpo que serve para a comunicação e porque é necessária essa cadeia entre vós e os Espíritos comunicantes, como é necessário um fio elétrico para transmitir uma notícia à distância, e, na ponta do fio, uma pessoa inteligente que a receba e comunique".

Seja o médium consciente ou inconsciente, intuitivo ou mecânico, dele sempre depende a transmissão e sua pureza".

Quando KARDEC, ainda no mesmo livro, pergunta se "o Espírito do médium não é jamais completamente passivo", os Espíritos lhe respondem dizendo que "ele é passivo quando não mistura suas próprias ideias com as do Espírito comunicante, mas nunca se anula por completo. Seu concurso é indispensável como intermediário, mesmo quando se trata dos chamados médiuns mecânicos".

Hermínio Miranda, citando ensinamento dos Espíritos no livro de Kardec, diz ainda que "assim como o espírito manifestante precisa utilizar-se de certa parcela de energia, que vai colher no médium, para movimentar um objeto, também para uma comunicação inteligente ele precisa de um intermediário inteligente", ou seja, do Espírito do próprio médium.

"O bom médium, portanto, é aquele que transmite, tão fielmente quanto possível, o pensamento do comunicante, interferindo o mínimo que possa no que este tem a dizer".

Reiteramos, portanto, que não há fenômeno mediúnico sem participação anímica (grifo nosso). O cuidado que se torna necessário ter na dinâmica do fenômeno não é colocar o médium sob suspeita de animismo, como se o animismo fosse um estigma, e, sim, ajudá-lo a ser um instrumento fiel, traduzindo, em palavras adequadas, o pensamento que lhe está sendo transmitido sem palavras pelos espíritos comunicantes".

Também em O Livro dos Médiuns, quando Kardec pergunta aos Espíritos se "o Espírito do médium influi nas comunicações de outros Espíritos que ele deve transmitir", recebe a seguinte resposta:

"Sim, pois se não há afinidade entre eles, o Espírito do médium pode alterar as respostas, adaptando-as às suas próprias ideias e às suas tendências".

Em seguida, Kardec lhes pergunta se "é essa a causa da preferência dos Espíritos por certos médiuns", ao que os Espíritos respondem:

"Não existe outro motivo. Procuram intérprete que melhor simpatize com eles e transmita com maior exatidão o seu pensamento".

Portanto, vemos que, mais do que parte integrante, o animismo é, até certo ponto, condição necessária para o fenômeno mediúnico, garantindo a sintonia adequada para que a transmissão seja a mais fiel possível às ideias do comunicante. Sem o conteúdo do médium, é muito mais difícil para o Espírito transmitir-lhe suas ideias e o que pretende com elas. De posse do conteúdo mental e até emocional do médium, no entanto, torna-se muito mais fácil para o Espírito se fazer entender, podendo, assim, transmitir com mais naturalidade e desenvoltura o seu raciocínio.

No livro Mediunismo, Ramatis nos diz que "mesmo na vida física é necessário ajustar-se cada profissional à tarefa ou responsabilidade que favoreça o melhor êxito ou eficiência para alcance dos objetivos em foco".

"Da mesma forma, o espírito do médico desencarnado logrará mais êxito, ao se comunicar com o mundo material, se dispuser de um médium que também seja médico".

"Quando o médium e o espírito manifestante afinizam-se pelos mesmos laços intelectivos e morais, ou coincide semelhança profissional, as comunicações mediúnicas tornam-se flexíveis, eloquentes e nítidas".

"Os espíritos não se preocupam em eliminar radicalmente o animismo nas comunicações espíritas, porque o seu escopo principal é o de orientar os médiuns, aos poucos, para as maiores aquisições espirituais, morais e intelectivas, a ponto de poderem endossar-lhes, depois, as comunicações anímicas, como se fossem de autoria dos desencarnados".

Notamos, assim, que a preocupação com o animismo é muito mais de médiuns e dirigentes do que dos Espíritos que se comunicam nas reuniões mediúnicas.

MEDIUNIDADE CONSCIENTE é aquela em que o médium, como o próprio nome diz, permanece consciente durante todo o transe, registrando a mensagem e quase tudo o que se passa à sua volta durante a comunicação, e participando ativa e conscientemente do fenômeno, imprimindo à mensagem muito de suas características pessoais. Nesse caso, a comunicação se faz mente a mente, telepática e/ou energeticamente, sem o desdobramento do médium. Mais de 70% dos médiuns apresentam esse tipo de fenômeno.

Mediunidade inconsciente é aquela em que, ao contrário da anterior, o médium, a partir da ligação com o Espírito comunicante, fica inconsciente, incapaz de registrar qualquer parte da mensagem ou mesmo de qualquer coisa que ocorra à sua volta durante o transe. Nesse caso, o médium é totalmente afastado de seu corpo físico, permanecendo projetado durante a comunicação, e o Espírito assume o comando do órgão físico correspondente ao tipo de mensagem (psicografia: braço e mão; psicofonia: garganta; ectoplasmia: cérebro) a ser transmitido, sem que o conteúdo da mensagem passe por sua mente.

Entre as duas, poderíamos citar a mediunidade semiconsciente, que é aquela em que o médium percebe o que se passa à sua volta, mas não é capaz de registrar completamente todos os detalhes, nem mesmo da mensagem que está transmitindo. Nesse caso, o médium é afastado parcialmente de seu corpo físico e o comunicante se coloca entre este e o seu perispírito, ligando-se tanto com a sua mente como com o órgão físico correspondente ao tipo de mensagem, atuando duplamente.

Importante notar que fenômeno mediúnico consciente não é o mesmo que fenômeno anímico.

No FENÔMENO CONSCIENTE, a mensagem não é do médium, embora ele esteja consciente de todo o processo e participe do fenômeno que ocorre com ele, sem interferir no seu conteúdo, sem deturpar a ideia central da mesma. O estilo, o vocabulário, a forma e o tom da mensagem são seus, mas o tema, a ideia, a essência e o conteúdo são da entidade.

Por esse motivo, médiuns conscientes costumam transmitir mensagens muito parecidas em termos de estilo e forma, porque é mais ou menos como se recebessem dos mentores um tema e alguns tópicos para redação e coubesse a eles desenvolvê-los, com seu jeito e palavras.

Já no fenômeno anímico, é o Espírito do próprio médium que se comunica e dá a mensagem através de seu próprio corpo em transe, na maioria das vezes sem que ele tenha consciência de que é ele mesmo que está passando a mensagem, mesmo que esteja consciente do fenômeno, e durante o fenômeno. Ou seja, ele pode até estar consciente de tudo, mas não tem consciência de que é ele mesmo que está se comunicando e transmitindo uma mensagem. Ele pode acompanhar o desenrolar da comunicação, mas não sabe que o comunicante é ele mesmo, ou uma porção inconsciente de sua própria consciência ou Espírito.

Importante ressaltar também que é possível a Espíritos encarnados afastar-se de seu corpo físico, em desdobramento ou projeção, e se manifestar por intermédio de outros encarnados que sejam médiuns, sem que, no entanto, esse seja um fenômeno anímico. Na verdade, esse é um fenômeno mediúnico entre encarnados (ou entre vivos, como, incorretamente, se convencionou chamar, já que vivos somos todos, encarnados e desencarnados), pois se caracteriza pela interação espiritual de duas consciências encarnadas diferentes.

Se, como diz Hermínio C. Miranda, não há fenômeno mediúnico sem participação anímica, é importante que o médium se conscientize da necessidade e da importância do estudo sistemático e da prática constante, como meios de garantir uma participação anímica de melhor nível nas comunicações mediúnicas que se fazem por seu intermédio.

Quanto mais conhecimento técnico e teórico tiver o médium, mais fácil será para mentores e amparadores encontrarem, em seus arquivos mentais, material em sintonia com as mensagens a serem transmitidas.

Da mesma forma, quanto mais prática, quanto mais vivência mediúnica e espiritual tiver o médium, mais fácil será para ele mesmo compreender o sentido do que lhe é transmitido, podendo repassar com mais segurança e desenvoltura as idéias que recebe mentalmente.

PES – PODERES EXTRA-SENSORIAIS:

Sendo o ANIMISMO a interferência, participação ou mesmo manifestação do Espírito do próprio médium no fenômeno, vamos notar que determinadas capacidades psíquicas, classificadas como mediúnicas, são, na verdade, anímicas, por serem capacidades inerentes ao próprio ser humano, pois não dependem da interferência ou ação de mentes externas, encamadas ou desencarnadas, para se manifestarem.

Vejamos alguns desses casos:

  • Clarividência, incluindo a precognição, a retrocognição e a visão à distância, que são tipos de clarividência;
  • Telepatia que, embora precise de outra mente para se caracterizar, é anímica, funcionando como interação entre receptor e emissor; 
  • Psicometria, que poderia ser considerada também um tipo de clarividência, já que se trata da visualização de fatos e cenas, geralmente passados, relacionados a objetos;
  • Clariaudiência: Capacidade de ouvir sons, vozes extrafísicos.
  • Clariolfatismo: Capacidade de sentir odores extrafísicos.
  • Transmissão de energias, seja por que técnica ou método for, desde o passe comum até bênçãos, etc.
  • Desdobramento ou desprendimento astral, mesmo os ocorridos durante trabalhos mediúnicos ou os provocados mediunicamente, ou seja, por Espíritos desencarnados.

Acontece que, muitas vezes, essas capacidades são despertadas ou desenvolvidas com a ajuda direta de Espíritos desencarnados, dando a impressão de serem mediúnicas. Nesse caso, a capacidade é anímica, pois é da pessoa e poderia se manifestar sem o auxílio de Espíritos, mas a sua manifestação é mediúnica pois só acontece quando entidades desencarnadas atuam, com energias e fluidos, sobre os comandos que a controlam.

Acontece também de, muitas vezes, os Espíritos desencarnados se comunicarem com as pessoas por meio dessas capacidades anímicas, dando, também, a impressão de serem mediúnicas. Nesse caso, a capacidade é anímica, pois existe independentemente da presença dos desencarnados, mas o uso é mediúnico, já que é utilizada para a comunicação ou a transmissão de mensagens de Espíritos desencarnados para os encarnados.

Fonte: Revista Especial de Mediunidade - Ciências e Espiritismo

MEDIUNIDADE E ANIMISMO:

Por Pablo de Salamanca

A influência do consciente do médium

Tudo o que o médium (ou sensitivo) leu, estudou, vivenciou dentro da sua estrutura familiar e, além disso, o ambiente cultural onde se desenvolveu como ser humano, influencia na sua atividade mediúnica. Ou seja, tudo o que está na sua mente consciente permeará a sua produção mediúnica. Não há como separar o que o médium é, do que ele produz, por mais profunda que seja a sua habilidade parapsíquica. É claro que, quanto maior a profundidade de um transe mediúnico, menor será a influência do consciente do sensitivo, por exemplo, no que é transmitido pela fala (psicofonia) ou no que ele expressa por meio da escrita (psicografia).

Passemos, agora, a exemplificações sobre como o consciente do médium interage com sua produção mediúnica. No caso de alguém que psicografa, se este for uma pessoa culta, haverá uma tendência a que os escritos que faça sejam com uma linguagem também culta, ou, pelo menos, que seja algo claro e conciso, mesmo que a entidade comunicante não tenha boa “escolaridade” prévia.

Numa outra situação, onde o médium tenha crescido num ambiente de forte cultura cristã, obviamente que as mensagens que surgirem através dele tenderão a expressar conteúdos cristãos, até mesmo nas oportunidades em que estiver sob influência de consciência espiritual não ligada ao Cristianismo. Por outro lado, se o sensitivo tem afeição por alguma religião oriental, e tenha lido e/ou estudado sobre o tema por muitos anos, mesmo que venha a canalizar uma mensagem de entidade espiritual cristã, poderá dar um cunho ou “formatação” mais ou menos “oriental” à mensagem. Volto a lembrar, contudo, que a intensidade como o consciente do médium interfere na comunicação mediúnica dependerá da profundidade de sua habilidade sensitiva. Porém, como compreende-se que sempre há alguma participação da psique do médium (animismo) no fenômeno, é claro que alguma influência dele, sobre a obra, ocorrerá.

A influência do inconsciente do médium

Outra fonte de influenciação pelo psiquismo do médium (animismo), em alguma tarefa mediúnica, é através do chamado “inconsciente” do indivíduo. Na mente inconsciente está tudo o que foi reprimido ou esquecido pela pessoa, com relação a fatos, sentimentos e pensamentos que teve na sua vida atual. Também estão em nível inconsciente as memórias de vidas passadas, as lembranças do denominado “período intermissivo” (intervalo de tempo vivido fora da matéria, entre encarnações diferentes), e tudo aquilo que o indivíduo experimentou fora do corpo, durante as viagens astrais, também conhecidas como “experiências extrafísicas”.

Assim, o que está no inconsciente de um sensitivo poderá, sem dúvida, mesclar-se aos conteúdos mediúnicos transmitidos. Um bom exemplo desta situação é o que ocorre com um médium que recebe entidades em desequilíbrio. Este médium, supondo que numa vida anterior tenha morrido sufocado, ao dar passividade a diversos tipos de entidades perturbadas, pode, inúmeras vezes, ter a sensação de sufocamento ao “incorporar” seres sofredores, pois de seu inconsciente afloram as percepções desagradáveis por este tipo de morte. Ou seja, mesmo que os espíritos carentes de ajuda, que o médium recebe, não guardem sensação de sufocamento, o sensitivo apresenta este “sintoma” animicamente.

Neste caso, seria importante o médium tratar esta questão traumática de seu passado, em benefício próprio, e também para evitar reproduzir um animismo totalmente desnecessário na situação mediúnica colocada. Não vou me estender aqui em exemplos de como o inconsciente do médium pode alterar uma mensagem mediúnica, pois as possibilidades são muitas, e não fazem parte do escopo deste artigo. No entanto, é relevante assinalar que o animismo pode ser útil no processo mediúnico, se o que provém do inconsciente do sensitivo é algo construtivo. Neste caso, as forças anímicas do indivíduo se juntarão aos conteúdos emitidos pela entidade comunicante, de forma a se atingir um objetivo positivo.

A sintonia entre médium e entidade:

Para haver um trabalho mediúnico de qualidade, é fundamental uma boa sintonia vibratória entre o sensitivo e a entidade comunicante. É claro que, ao longo da vida do médium, este passa por flutuações no seu estado emocional, o que interfere numa boa sintonia com os guias espirituais. Ou seja, os fatores anímicos afetam a conexão com entidades que desejam comunicar-se. Assim, a falta de uma certa constância do sensitivo, pode alterar um tanto o conteúdo das mensagens passadas por uma mesma entidade, ao longo do tempo. Nos períodos de conexão mais frágil com o mentor, o ideal é não trabalhar mediunicamente, buscando, antes, o reequilíbrio. Porém, este problema pode ser minimizado, caso o médium tenha conteúdos anímicos de qualidade, o que poderá permear o seu trabalho mediúnico de uma forma construtiva.

Por outro lado, é comum o sensitivo ter ligações espirituais com mais de uma entidade que possuem tarefas de transmissão mediúnica. Assim, as flutuações de estado psíquico-emocional do médium, de certa forma, poderão ser úteis, já que este, apresentando períodos com padrões variados, propiciará oportunidade à comunicação de entidades com vibrações diferenciadas (conforme a maior afinidade do momento). Neste contexto, é importante ressaltar que cada instrutor espiritual tem a sua função e utilidade, na diversidade da vida.

É relevante salientar, também, que o desenvolvimento mediúnico de alguém passa pela questão do seu crescimento como ser humano em busca de um equilíbrio maior. Isto ocorre concomitantemente ao aumento de afinidade pelas entidades com quem possui tarefas mediúnicas pré-programadas. Portanto, o desenvolvimento mediúnico deve ocorrer junto com a evolução anímica, sendo ambas questões, promotoras de uma boa sintonia com os espíritos comunicantes. Assim, um médium que estude bastante, que não tenha preconceitos e que busque constante autoconhecimento, provavelmente não será somente um “instrumento” útil para as entidades, mas também um bom cooperador nos trabalhos mediúnicos.

A OBRA MEDIÚNICO-LITERÁRIA

Aqui, chegamos num ponto de questionamento sobre como avaliar a obra mediúnica de um sensitivo. Em face das diversas variáveis que interferem nas habilidades anímico-mediúnicas de alguém, como compreender uma determinada obra mediúnica? A seguir, tentamos responder a esta questão, que não raras vezes é levantada por leitores mais críticos. Estes têm razão em manter um olhar aguçado sobre a literatura mediúnica pois, tendo atingido um grau de maturidade maior, ou por serem naturalmente mais “desconfiados”, exigem mais elementos que facilitem uma maior clareza sobre esta atividade humana, que não está livre de equívocos e embustes.

Como ler uma obra mediúnica

Basicamente, pode-se afirmar que a leitura de um livro, seja mediúnico ou não, sempre deve ser feita sob o crivo da razão. Não haveria lógica em se aceitar o que está escrito, simplesmente porque foi publicado. Portanto, um processo de “filtragem” é fundamental para que o leitor assimile criticamente o que pode lhe ser útil de alguma forma. É claro que o “filtro” que o leitor utilizará é algo totalmente pessoal, e o que considerará bom para si, para outro será uma nulidade. Usei o termo “filtragem” porque fornece uma imagem bem apropriada para esta questão. Considero que, por mais que não reconheçamos a importância de uma obra específica, ao fazermos uma avaliação criteriosa, aproveita-se alguma coisa. Ou seja, não será fácil acessar o conteúdo de um livro e concluir simplesmente que ele seja desprezível, eliminando-o por inteiro. Assim, se fizermos uma “filtragem” conscienciosa, sempre obteremos algo de valor.

O valor de uma obra mediúnica

Algo primordial na avaliação de um livro mediúnico é compreender que ele vale muito mais pelo seu conteúdo do que por quem o assina. Há trabalhos mediúnicos em que o autor espiritual prefere o anonimato, mas o conteúdo fala por si, demonstrando, evidentemente, o seu valor. Por outro lado, sob a ótica de um Espiritualismo Universalista, que preferimos, algumas características de uma boa obra mediúnica são: um conteúdo que estimule as pessoas a expandirem horizontes e consciências; ideias que reduzam preconceitos; pensamentos que explicitem o lado contraprodutivo das ortodoxias; e argumentos que levem a novos aprendizados, evitando-se apegos e induzindo à harmonia. Nesse contexto, compreendemos que um trabalho mediúnico poderá ter um valor respeitável, tanto com uma dose pequena ou grande de animismo. Para que isso ocorra, basta que o animismo seja de boa qualidade, e, obviamente, que a entidade espiritual comunicante seja uma consciência harmônica.

A evolução da obra mediúnica de um médium:

Caso observemos detidamente a evolução da obra mediúnica de um médium, notaremos que, ao longo do tempo, os conteúdos dos livros, mesmo que assinados por um mesmo autor espiritual, podem apresentar modificações de estilo e conteúdo, em maior ou menor grau. Em parte, pode-se creditar a isso flutuações de interferência anímica do sensitivo, no período de sua produção mediúnica. Outro fator relevante, inerente ao médium, é o enriquecimento por que passa após realizar estudos de diversos tipos. Isto pode influenciar a sua obra positivamente, conforme adquira novos conhecimentos que o auxiliam num processo de expansão da consciência. No entanto, embora menos sujeito a alteração de estado vibratório, o autor espiritual, por si mesmo, pode ter sido o causador de alguma mudança de estilo e conteúdo das obras, talvez atendendo a necessidades/objetivos que escapam à nossa compreensão imediata (por exemplo, pode ter a intenção de atingir a um público diferenciado no Plano Terreno). É claro que, ao longo do tempo, evoluem tanto o médium como a própria entidade comunicante, o que se reflete na qualidade dos livros produzidos. Inclusive, é importante ressaltar que, de acordo com a passagem do tempo, há uma tendência a melhorar a conexão/sintonia entre o sensitivo e o seu companheiro sutil de trabalho.

Portanto, se olharmos para a produção mediúnica de alguém, principalmente se há mais de um autor espiritual envolvido, perceberemos com facilidade obras de conteúdo variado.

E por quê isso ocorre? Basicamente, porque o público leitor também é bastante diverso. Muitas são as necessidades de esclarecimento e há inúmeros tipos de “fome espiritual”.



POSSESSÃO


POSSESSÃO = INCORPORAÇÃO

Muitos confundem obsessão com possessão. Entretanto, é preciso que não se confunda uma situação com a outra. Para o espiritismo, trata-se de coisas diversas e que foram estudadas por Kardec. Segundo o escritor espírita Marcos Milani, "Obsessão é a ação persistente que um mau Espírito exerce sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diferentes, desde a simples influência moral, sem sinais exteriores sensíveis, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais".

"Já a possessão é a ação que um Espírito exerce sobre um indivíduo encarnado, substituindo-o temporariamente em seu próprio corpo material. Esta ação não é permanente nem integral, considerando-se que a união molecular do perispírito ao corpo opera-se somente no momento da concepção".

Muitos médiuns incorporam espíritos 'que possuem o corpo para se expressar. Essa posse do corpo pode ser feita por um espírito inferior com objetivos escusos e prejudiciais, como também por um espírito bom e iluminado, que usa o corpo do médium para transmitir ensinamentos e realizar outros atos louváveis.

Segundo Allan Kardec, "A obsessão sempre é o resultado da atuação de um Espírito malfeitor. A possessão pode ser o feito de um bom Espírito que quer falar e, para dar mais impressão sobre os seus ouvintes, toma emprestado o corpo de um encarnado, que este lhe cede voluntariamente como se empresta uma roupa. Isto se faz sem nenhuma perturbação ou incômodo e, durante este tempo, o Espírito se encontra em liberdade como em um estado de emancipação, e frequentemente se conserva ao lado de seu substituto para o ouvir".

Resumidamente, a possessão pode ser realizada por espíritos bons e maus, ao passo que a obsessão é sempre obra de espíritos inferiores que podem levar o obsediado a situações críticas, tanto do ponto de vista físico como mental.

O que é Possessão?

Em a Gênese, Kardec faz referência à obsessão e à possessão. Ele diz que, na obsessão, o espírito atua exteriormente por meio de seu perispírito, que ele identifica com o do en­carnado; este último encontra-se, então, enlaçado como numa teia e é constrangido a agir contra sua vontade.

Na possessão, em lugar de agir exte­riormente, o espírito livre se substitui, por assim dizer, ao espírito encarnado; faz do­micílio em seu corpo, sem que todavia este o deixe definitivamente, o que só pode ter lugar na morte.

A possessão é sempre temporária e in­termitente, esclarece Kardec, pois um es­pírito desencarnado não pode tomar de­finitivamente o lugar de um encarnado, dado que a união molecular do perispírito e do corpo não pode se operar senão no momento da concepção.

O espírito em possessão momentânea do corpo dele se serve como se fosse o seu próprio corpo; fala por sua boca, enxerga pelos seus olhos, age com os seus braços, como o teria feito se fosse vivo. Já não é mais como na mediunidade falante, na qual o espírito encarnado fala transmitin­do o pensamento de um espírito desencar­nado; é este último mesmo que fala e que se agita.

A possessão pode ser o feito de um bom espírito que quer falar e, para fazer mais impressão sobre seus ouvintes, toma em­prestado o corpo de um encarnado, que lhe cede voluntariamente, tal como se em­presta uma roupa. Isso se faz sem nenhu­ma perturbação ou incômodo, e durante esse tempo o espírito se encontra em liber­dade, como no estado de emancipação, e com mais frequência se conserva ao lado de seu substituto para ouvir.

Já quando o espírito possessor é mau, as coisas se passam de outro modo; ele não toma emprestado o corpo, mas se apodera dele, caso o titular não tenha força moral para resistir. Ele o faz por maldade diri­gida contra o possesso, a quem tortura e martiriza por todas as maneiras, até pre­tender fazê-lo perecer.

Fonte: Espiritismo & Ciência Especial - nº 21 - 30 Questões Essenciais do Espiritismo



Próximo Artigo do Estudo: Mediunidade segundo MITCH HAM ELL









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